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São Gonçalo de Amarante é um santo português, nascido em Arriconha Tagilde perto do ano 1200 e que desenvolveu boa parte da sua missão apostólica na cidade de Amarante, na qual veio a falecer entre os anos 1259 e 1262.

Muito jovem ainda iniciou os seus estudos visando o sacerdócio, na escola catedralícia da Arquidiocese de Braga. Depois de ordenado se desenvolveu como pároco em São Paio de Vizela. Depois de alguns anos nesse ministério partiu em peregrinação para a Terra Santa, permanecendo lá por 14 anos.

De volta a Portugal, seu sobrinho, que tinha assumido a Paróquia temporariamente, não aceitou deixar o cargo e convenceu o Bispo de que Gonçalo era na verdade um impostor, pois seu tio já tinha falecido. Depois de tentar sem sucesso convencer o Bispo da sua identidade, Gonçalo se retirou para uma vida de ermitão em Amarante, em uma pequena ermida construída na beira do rio Tâmega.

Pedindo em oração a Nossa Senhora uma luz sobre o caminho concreto de santidade que ele deveria percorrer, recebeu Dela uma resposta: devia ingressar na ordem que iniciava o Ofício com a saudação do Anjo (a Ave-Maria). Gonçalo ingressou então na ordem dos Dominicanos, sendo admitido algum tempo depois aos votos solenes.

Finalmente, com um confrade dominicano, recebeu licença da vida no convento para passar seus últimos anos vivendo novamente como ermitão no Tâmega. Muitas lendas e relatos de milagres circundam a vida de Gonçalo, como a de que lhe fora revelado o dia da sua morte, o que lhe permitiu preparar-se adequadamente por meio da recepção dos Sacramentos.

O Padre Antônio Vieira escreveu um belíssimo sermão sobre São Gonçalo, no qual divide a vida do santo em quatro “vigias”, em referência às quatro vigílias nas quais os judeus dividiam a noite no tempo de Jesus.

Na primeira vigia (infância), o Padre Vieira destaca as virtudes do pequeno Gonçalo, que se manifestaram desde o dia do seu Batismo: “em não chorar exercitou o da fortaleza; em não tomar o peito, o da temperança; em fixar os olhos e estender os bracinhos para a imagem de Cristo crucificado, o da prudência, o da justiça, o da religião, o da fé, o da caridade; e em o não poderem divertir daquela devota e constante atenção, o da perseverança” (Sermão de São Gonçalo, III).

Na segunda vigia (juventude), são destacadas as virtudes de Gonçalo como bom pastor que “não há de ser todo bondade; nem tudo há de ser indulgência, nem tudo censura” (Ibid., IV), deve saber atar e desatar (aqui o Padre Vieira faz referência às palavras de Cristo a Pedro quando lhe confere as chaves do Reino): “O que atares será atado e o que desatares, desatado; e por quê? Porque quer que os seus pastores saibam atar e desatar, e não sejam homens que não atam nem desatam. Porque não atam, andam os vícios soltos; e porque não desatam, estão as virtudes presas” (Ibid.).

Na terceira vigia (fase adulta), o Padre Antônio Vieira fala da peregrinação de Gonçalo a Jerusalém, justificando-a por uma vocação divina e um chamado especial a seguir o Cordeiro em todos os passos que Ele deu na terra, privilégio reservado às virgens no Apocalipse.

Na quarta vigia (ancianidade), é apresentada a vida ao mesmo tempo contemplativa e ativa de Gonçalo em Amarante, às margens do Rio Tâmega. Destaca a construção da ponte empreendida pelo ancião, que pode ser realizada, apesar da sua fraqueza física, graças a estar cimentada na caridade.

A devoção a São Gonçalo é própria não somente de Portugal, mas também do Brasil, onde várias cidades, sobretudo no Nordeste, celebram a sua festa com muita fé e devoção. A sua festa é celebrada no dia 10 de janeiro, data do seu trânsito.

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