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Conheça a história da santa que acorrentou e estrangulou um demônio na prisão

Hoje é dia de Santa Juliana de Nicomédia, virgem e mártir.

Nascida em Nicomédia (atual Ismide, na Turquia), Juliana era filha de uma nobre família pagã. Ela, no entanto, ainda bem nova se converteu à fé cristã. Quando estava com seus 16 ou 17 anos, os pais quiseram casá-la com um jovem nobre, também pagão, chamado Evilásio. Para despistar o casamento, Juliana assegurou-lhe que só casaria com ele quando fosse prefeito da cidade. Em pouco tempo, o jovem conseguiu alçar-se ao posto e, quando foi cobrar a promessa de sua noiva, ela revelou-lhe sua fé e disse que só aceitaria o casamento caso ele também se convertesse.

Evilásio entregou Juliana a seu pai, que a espancou, exigindo que ela renunciasse a Cristo e abraçasse o paganismo. Como ela se recusou, o pai a devolveu ao próprio Evilásio, para que respondesse como criminosa. O jovem prefeito tentou persuadi-la com diversas promessas, mas Juliana manteve-se firme. Ele mandou então submetê-la a inúmeras torturas, sem que ela, no entanto, sofresse qualquer mal.

Naquela noite, Juliana foi visitada em sua cela por um demônio disfarçado de anjo luminoso, que a tentou persuadir a abraçar os deuses pagãos e ser feliz com Evilásio. Após orar ao Senhor, ela reconheceu ali a verdadeira natureza daquele demônio e, com as correntes que a prendiam, amarrou-o. Quando a foram buscar na cela, pela manhã, Juliana saiu arrastando o demônio, que se debatia em desespero amarrado nas correntes da prisioneira.

A jovem foi novamente submetida às mais diversas torturas, sendo amarrada em uma roda, jogada em uma fogueira e, depois, em um tanque de chumbo derretido. A roda arrebentou, o fogo foi extinto e o chumbo derretido tornou-se água fresca, sem que Juliana sofresse qualquer dano. Diante disso, 500 homens e 130 mulheres converteram-se ali mesmo, e por isso foram martirizadas por decapitação, pena a que ela também acabou sendo submetida.

Pouco antes de morrer, diz a tradição que o demônio que a havia tentado bradava por seu martírio, em meio à multidão, mas foi afugentado com um simples olhar de Juliana. Assim que ela foi decapitada, uma tempestade devastadora caiu sobre Nicomédia, tendo vitimado o prefeito Evilásio e mais 34 de seus homens. Era o ano de 304.

Juliana de Nicomédia já foi motivo de um poema do século VIII – “Juliana”, do anglo-saxão Cynewulf. É considerada Padroeira dos doentes.

Santa Juliana de Nicomédia, rogai por nós!



Juliana e a besta

Quando foi presa por sua fé em Jesus,
Juliana recebeu em sua cela
uma figura toda envolta em luz,

dizendo que era um anjo, mas aquela
estranha criatura pareceu
à prisioneira, sórdida esparrela,

pois o “anjinho” que a ela apareceu
insistia em que a Cristo renunciasse.
Ela então uma prece ofereceu

aos Céus, pra que a verdade se mostrasse,
e a angelical figura revelou-se
uma besta de horrenda e fera face.

Próxima a si Juliana o demo trouxe
e o aferrolhou em meio às suas correntes,
e entre os ferros o monstro escabujou-se,

bradou, xingou, lutou, rangeu os dentes,
porém permaneceu aprisionado,
e quando de manhã, os impenitentes

algozes a buscaram, humilhado
ele ainda foi pela cidade afora,
enquanto por Juliana era arrastado.

Liberta, à multidão foi sem demora
juntar-se a besta, urrando em cruel delírio,
mas antes que chegasse a sua hora,

Juliana, dirigindo-se ao martírio,
olhou diretamente o vil monstrinho
bem nos olhos, e aquele olhar empíreo

assustou tanto o derrotado “anjinho”,
que enquanto ela às Moradas Eternais
seguia, ele fugia em seu caminho

de volta aos fundos fossos infernais…

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